“EU VOU TE FALTAR PARA QUE NADA TE FALTE”: CONSIDERAÇÕES SOBRE A MELANCOLIA NA INFÂNCIA E SUAS IMPLICAÇÕES NA CLÍNICA PSICANALÍTICA

A partir de uma interlocução entre os Estágios Profissionalizantes I e II em clínica psicanalítica, este trabalho objetiva dissertar acerca do fenômeno da melancolia na infância, bem como sobre suas articulações nos atendimentos com crianças. Desse modo, realizou-se uma leitura da obra de autores que se propuseram a estudar o tema, dentre eles elegeu-se Freud e Julieta Jerusalinky. Apresentam-se, ainda, relatos de experiências sobre a prática vivenciada durante o estágio. Jerusalinsky salienta que, em decorrência da noção de infância feliz, é ofertado a criança uma série de objetos ou atividades a fim de que nada lhes falte, assim como existe uma tendência por parte dos responsáveis de evitar que as crianças passem por frustrações e tristezas, o que pode contribuir para uma despreparação emocional da criança, podendo acarretar em dificuldades para enfrentar obstáculos e limites. Assim, a autora, define a melancolia na infância como esse estado onde a criança não demanda, não fantasia, não deseja, não sabe lidar com suas frustrações, porque, de algum modo, isso não lhe foi permitido. Na clínica psicanalítica, tal fenômeno pode ser percebido através dos discursos dos responsáveis, bem como os sintomas apresentados pelas crianças que se configuram como respostas diante de algum sofrimento ou frustração que estejam sendo vivenciados